Evento realizado em 18/09/2013, na Fundação Getúlio
Vargas – FGV, com a presença dos seguintes palestrantes:
Flávio
Vasconcellos, Diretor da EBAPE/FGV;Cesar Cunha Campos, Diretor da FGV Projetos;
Weder Oliveira, Ministro do Tribunal de Contas da União-TCU;
Paulo Roberto Motta, Professor da EBAPE/FGV;
Juan Pablo Jiménez, Diretor do escritório da CEPAL;
Álvaro Manoel, Economista do Banco Mundial;
Luiz de Mello, Vice chefe de Gabinete do Secretário Geral da OCDE.
Foram abordados temas diversos relacionados a Reforma Fiscal.
O economista Álvaro Manoel
falou sobre os principais objetivos da Política Fiscal e da Gestão Financeira
Pública. Ele destacou a equidade, eficiência e estabilização macroeconômica.
Destacou o registro contábil, o orçamento e as estruturas organizacionais como
infraestrutura básica da gestão financeira pública. Afirmou que o crescimento
econômico sustentado é o objetivo principal da política macroeconômica para
manter uma situação fiscal sustentável. Declarou que a eficiência nos serviços
públicos está diretamente ligada a eficaz alocação de recursos, buscando
atingir o custo x benefício. Destacou a importância da motivação dos servidores
e a modernização através da informatização para melhorar a administração
pública.
Declaração do Ministro Weder Oliveira:
“Os Tribunais de Conta da
União vem procurando fazer um trabalho de capacitação, qualificação, orientação,
dada uma constatação bastante clara que se não há capacitação dos gestores
públicos, principalmente nas esferas estaduais e municipais, pela carência das
condições de trabalho, que são muito maiores, nós vamos ter cada vez mais
problemas de recursos mal aplicados, de responsabilizações e etc. As auditorias
operacionais, esse tipo de denominação, são trabalhos que tem característica de
avaliação de desempenho, avaliação de gestão, avaliação de programas, auditoria
de processos, é uma denominação pela qual inúmeros tipos de trabalhos são
realizados com suas diferentes características conceituais, como há autores que
defendem que a auditoria operacional é o mesmo que avaliação de programa, mas é
um voto no qual cabe uma série de auditorias, que não são auditorias de
conformidade, nem auditorias financeiras, mas são auditorias ad hoc, algumas
que vão avaliar a efetividade do programa e outras que vão avaliar a eficiência
na aplicação de recursos, um rol de possibilidades.
É
verdade que, para melhorarmos a gestão pública, isso foi colocado na
apresentação do Álvaro Manoel, é necessário mudar a gestão das finanças e a gestão de pessoal. Isso já foi tentado na época do Ministro Bresser
Pereira, na tentativa de flexibilizar a contratação dos servidores públicos,
protegido no emprego público, depois foi derrubado pelo Supremo. Sem dúvida
alguma, nós demos um grande passo para tentar discutir, a própria lei de
licitações e etc. Sabemos das grandes dificuldades que é modificar essa
estrutura de contratação de pessoal, estrutura de contratação pública. Mas
independentemente disso, eu não poderia dizer que há um diagnóstico amplo, mas
nós percebemos que, não por mim, mas por vários processos que participei e
vários processos que analisei, há espaço de melhoria organizacional mesmo
com a necessidade de contratar mediante concurso, mesmo com a necessidade de
fazer as aquisições por meio de licitação, com certeza há espaço na melhoria de
processo. A razão pela qual isso acontece, eu acho que está ligado ao sistema
político. Embora ele seja suficiente para atender as demandas como um todo, ele
talvez não seja eficiente para gerir bem o Estado no ponto de vista livre, por
exemplo. Na medida que entra um Secretário ou um Ministro de Estado,
cuja vocação é mais à tratar daquela posição com finalidade mais partidárias ou
eleitorais de curto prazo e menos de criar compromisso, isso, ao meu modo de ver,
é um dos grandes fatores que levam a má gestão ou uma desorganização estrutural
em vários órgãos. Em geral, as melhores instituições ou algumas das melhores
instituições do setor público são as instituições fazendárias, que geralmente
são aquelas que merecem maior atenção e todo cuidado possível. Nós vamos
encontrando níveis de eficiência em instruções que foram ficando para traz, ao
longo do tempo. Provavelmente, se recuperarmos o histórico dessas instituições,
vamos encontrar em algum momento que a liderança dessas instituições não foi
liderança comprometida em criar institucionalidades nas administrações. Em regra,
os grandes focos de desperdícios, desogarganização e corrupção, vão ser encontrados
em instituições que são frágeis no ponto de vista institucional e ao longo do
tempo foram entregues a pessoas que não se dedicaram a isso. Essa é uma parte
da responsabilidade do setor político, na designação das pessoas que ocupam a
área central das instituições. Se a liderança do órgão é frágil, a cadeia
abaixo do órgão é ruim, a menos que essa cadeia abaixo tenha sido fortalecida
ao longo do tempo e seja capaz de rejeitar uma liderança frágil, que venha a ser
instalada nela eventualmente. Alguns dos exemplos, para finalizar, é que o TCU
está realizando uma auditoria coordenada com todos os Estados e o apoio dos
Tribunais de Contas sobre a educação básica do país. Recentemente, visitaram
uma escola do Piauí que alcançou níveis na nota da Prova Brasil, excelente.
Fomos verificar por que alcançou esse índice e verificou-se que aquela
liderança, naquele local, fez com que conseguissem superar várias dificuldades.
Outro exemplo foi um projeto chamado Crédito Instalação. É um programa que
concede recursos para construir casas. Os dois assentamentos que estavam sendo
bem sucedidos, foram liderados por pessoas com espírito empreendedor
maior, sem o apoio fundamental do INCA.Vários outros não obtiveram sucessos,
mas esses dois sim. Desta forma, fica constatado que a liderança pode levar ao
sucesso. Boa parte da mazela da má Administração Pública está também nas
pessoas colocadas no topo da cadeia gerencial para dirigir essas instituições.”
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